terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Contestado da Pavuna

Dia 26 de janeiro do ano em curso, a XV Região Administrativa da Pavuna, promoveu uma série de eventos com o objetivo de comemorar a passagem dos 117 anos daquele importante bairro da zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Tal fato motivou-me a escrever este artigo, não para elucidar fatos, mas para trazer à reflexão histórica algumas questões de limites que foram suscitadas em decorrência da decisão do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em decreto nº 1, de 8 de maio de 1892, que colocava as terras da atual Pavuna nas áreas territoriais do Município de Iguassú.

Os fundamentos da contenda pelas partes, encontram-se dentro dos fundamentos que norteiam em geral as questões de limites em qualquer parte do Brasil e do mundo, as quais sejam razões geo-históricas e geopolíticas, as duas teses sempre correm ao sabor dos interesses locais. A regra geral não virou exceção em nosso limite com o antigo Distrito Federal. O que o decreto de 1892 estabelecia era inclusão das terras da Pavuna nos territórios do Município de Iguassú e que hoje provavelmente seria território de Meriti.

Sabemos nós que o Rio Meriti aparece nas cartas geográficas, relatos de viajantes, cronistas e historiadores desde o século XVI e que nestes 500 anos de história configurou-se chamar de Meriti-Pavuna toda a potamografia que nascem nas Serra de Gericinó e seguem para desaguar na Baía da Guanabara num percurso de aproximadamente de 13 km. Como afluentes da Bacia do Meriti, além do Pavuna, está também o Acari com vários outros afluentes.

Em 15 de Janeiro de 1833, quando foi criada a Vila de Iguassú, ficou definido que suas “freguesias” (Distritos Eclesiásticos) eram as de Iguassú, Inhomirim, Pilar, Jacutinga, Merity e parte de Marapicú. Esses Distritos foram os embriões dos distritos criados com a Proclamação da República e do qual as terras banhadas pelos rios Meriti-Pavuna passaram a fazer parte do Distrito de Meriti. Historicamente, a ocupação e povoamento das terras à margem direita do Pavuna, que faziam divisa com a Freguesia de Irajá, foram ocupadas pelos mesmos colonizadores que ocuparam tanto a margem direita como a esquerda do rio.

Assim, durante séculos, a sede da freguesia eclesiástica de Meriti foi o solo da Pavuna. Os fazendeiros da Pavuna eram donos de terras também no território onde hoje se situa a Cidade de São João de Meriti. O exemplo mais concreto foi a do Sr. Antonio Tavares Guerra e herdeiros, donos das Fazendas da Conceição, na Pavuna, e do Carrapato, no Centro de São João de Meriti.

Na virada do século XIX para o século XX, travaram-se grandes polêmicas a respeito do caso. Na defesa de nossos interesses estavam os meritienses, Cel. Eliseu de Alvarenga Freire (funcionário do Estado) e o 1º Juiz de Paz e Presidente da Comissão Censitária de Meriti, o Dr. Pedro Telles Barreto de Menezes (tinha sido também, Vereador e presidente da Câmara de Iguassú). No exercício e na defesa dos interesses do Distrito Federal, estavam todos os grandes técnicos, funcionários públicos graduados, geógrafos, historiadores e intelectuais diversos do Distrito Federal. Toda esta polêmica foi muito bem descrita por Noronha Santos em sua obra Memória acerca dos limites do Distrito Federal com o Estado do Rio de Janeiro, obra impressa pela gráfica da Imprensa Nacional, em 1919. Noronha era um funcionário graduado do Distrito Federal e recebeu a incumbência do Prefeito, à época, para vasculhar arquivos do Rio de Janeiro, cartas topográficas, geográficas, atlas, plantas em geral, manuscritos, atas de eleições, memórias, ofícios, pareceres, almanaques, anuários, boletins, diários, jornais, recenseamentos, leis, decretos, relatórios, revistas e uma vasta bibliografia específica sobre a Baixada Fluminense e chegar à conclusão das pretensões do Estado do Rio. Ao final da obra, Noronha emite a seguinte conclusão:
“Ahi ficam todas as provas a favor do Distrito Federal e que demonstram a sociedade o direito da Capital da República a jurisdição plena e pacífica das terras que estão nas linhas de suas divisas. O Distrito não se arreceia de discutir a questão de limites, posta de novo em foco pelo Município de Iguassú, sob o patrocínio do Estado do Rio de Janeiro. Nenhum acordo, porém, será possível entabular-se, sem o reconhecimento por parte do Estado do Rio de Janeiro dos direitos insofismáveis do Distrito Federal à posse das terras que tem sido causa da contenda. O Distrito, que conta com os mais minuciosos elementos de defesa, com a tradição histórica fartamente documentada e garantidora da sua causa. Fora disto, não haverá um juiz, uma só consciência honesta que seja capaz, diante da prova robusta que está arrolada e comentada pelo Distrito Federal, de negar-lhe o direito indiscutível na antiga questão, sempre provocada pelo Estado do Rio de Janeiro...”.

As posições de convencimento de Noronha Santos, em grande parte, estão contidas nas crônicas do Dr. Vieira Fazenda, que veementemente defendeu a posse por estas terras pelo Distrito Federal, levando em conta que a Vila de Iguassú pouquíssimas obras fez nestas terras, deixando sempre a cargo da Corte. Como exemplo, o Canal da Pavuna, construído pela Câmara da Cidade do Rio de Janeiro, de 1829/1833, com 3.950 metros de comprimento e 20 de largura. Noronha Santos transcreve uma visita a Pavuna na década de 1910, que assim diz: “Pavuna é um lugar que começa a prosperar, e é este talvez o motivo que torna insistente a reclamação do município de Iguassú, procurando assenhorear-se de extensas e fertilíssimas terras... Enquanto Pavuna prospera, Merity está muito longe de ser um logar aprazível”.

Mais adiante ele busca ouvir a população que afirma:
“... os moradores são em sua grande maioria, partidários da causa que com tanto calor sustenta o Distrito Federal. Todos desejam que a capital da República exerça, por seu governo municipal, o mais intenso trabalho em prol dos habitantes do florescente povoado que fica à margem direita do rio Pavuna. Se houvesse um plebiscito, disse-nos um velho morador do local - o Estado do Rio não lograria talvez obter três votos favoráveis à sua pretensão...”.

Diante das infinitas posições favoráveis ao Distrito Federal, as defesas históricas dos meritienses Cel. Elizeu de Alvarenga Freire e do Juiz de Paz Pedro Telles Barreto de Menezes, não lograram êxito. Frustraram, assim, as intenções de São João de Meriti como 4º Distrito de Iguassú de ter em seu território as terras da Pavuna, ficando como seu limite o histórico rio Meriti com o seu afluente o Pavuna na sua margem esquerda.

Fica aqui uma importante lição que vem do livro O Pequeno Príncipe, que nos diz: “Tú te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Iguassú não fez por merecer tão ricas terras. No socorro, algumas vozes de Meriti apenas ecoaram. Onde estavam naquele momento os expoentes da vida pública e da intelectualidade iguassuana?. A história é testemunha. 

Professor Gênesis Tôrres - IPAHB

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ocupações Indígenas na Baía de Guanabara - Primeiros Ocupantes



Ocupações Indígenas na Baía de Guanabara - Primeiros Ocupantes
Guilherme Peres
Pesquisador e membro do IPAHB

Os rios que formam a grande bacia hidrográfica da Baixada Fluminense nascem em sua maioria nos contrafortes da Serra do Mar e do Gericinó.

Nas partes superiores, brotam em intensos declives torrentes, alguns encachoeirados como o Sarapuí, avolumando-se aos poucos no encontro com outros cursos, buscando os leitos definitivos ao receber seus afluentes e coleando por entre morrotes e brejais, em busca da Baía.

Região ideal para a intensa ocupação pré-histórica desse litoral, continha em suas águas abundância de mamíferos marinhos (golfinhos e baleias), peixes e moluscos, bases de subsistência dos primeiros ocupantes.

Iniciados entre 8.000 e 7.000 anos por pescadores/coletores, os ocupantes deste recôncavo formaram a origem de vários aldeamentos indígenas encontrados pelos navegadores, quando aqui aportaram no início do século XVI.

Segundo Elmo S. Amador, “a indústria lítica era pouco expressiva, constituída, principalmente, por artefatos picoteados e semipolidos, lâminas de machado, quebra-coquinhos e percurtores, com raros artefatos sobre lascas, ossos e conchas”.

As populações que habitavam essas áreas costeiras eram agrupadas em macrobandos, provavelmente sedentários ou semi-sedentários.

O último estágio dessa ocupação varia entre 2.500 e 1.500 anos, representado por grupos que faziam seus assentamentos sobre restingas, dunas litorâneas ou próximas às praias abertas, tendo por economia de subsistência a pesca, a caça e a coleta de moluscos. Praticavam também a coleta de sementes e alguma agricultura.

O sepultamento, feito em posição fetal, ocupava pequenas covas cônicas.

Entretanto, segundo o prof. Ondemar Dias, pouco sabemos a respeito desses pioneiros.

“No interior fluminense só muito recentemente foram descobertos vestígios dos seus acampamentos. Pontas de flecha de quartzo hialino e leitoso, lascas e raspadores do mesmo material atestam esta antiga presença”.

No litoral são encontrados vestígios maiores, constituídos pelos restos do que foram os grandes sambaquis, na sua esmagadora maioria destruídos para fabricação de cal, desde os tempos coloniais. Poucos são os que restam, fornecendo dados elucidativos, através da pesquisa arqueológica.

Estes sambaquis podem ser agrupados em dois tipos. Os mais antigos, anteriores às modificações climatológicas, do “ótimo climático”, com idade em redor dos 6.000 anos e os recentes, posteriores a estas alterações. No primeiro caso, a quantidade de conchas é maior; no segundo caso, espessas camadas úmidas demonstram maior diversificação econômica.

Grupos ceramistas iniciaram esta fase cultural, na Era Cristã, e dispersos em grupos fabricaram vasos e recipientes de determinados padrões que tipificam os vários estágios culturais dessa ocupação.

“Até o momento sabe-se que as primeiras comunidades cerâmicas estão filiadas à Tradição denominada Una, com três fases culturais componentes (Una, Mucuri e Piunhi). Através de datações obtidas pelo método do C-14, sabe-se que já ao redor do século VI da nossa Era, grupos tribais Mucuri se fixaram no baixo curso do rio Paraíba. Provavelmente, pela mesma época, mais para o litoral, outros grupos da fase Una ocupavam, inclusive, locais anteriormente habitados pelos Itaipu. Em S. Pedro da Aldeia foi possível localizar-se sítio com esta superposição”.

Em 1º de janeiro de 1502, três naus cruzaram a barra do Rio de Janeiro, comandadas por Gonçalo Coelho e, pilotando a nau capitânea, Américo Vespúcio. Uma exuberante floresta tropical emoldurava a costa, vales, montanhas. Fontes da mais pura água doce jorravam em cascatas das colinas, abraçando neste celeiro centenas de tribos indígenas que salpicavam em torno da Baía.

O encontro inicial com os Tupinambás foi amistoso. Abasteceram-se de víveres deixando “algumas galinhas e degredados”, seguindo viagem para o Sul.

Até a transformação do Brasil em Capitanias Hereditárias, os navegadores franceses foram os mais freqüentes em visitar as costas do Rio de Janeiro, não estabelecendo feitorias, como os portugueses, mas se infiltrando entre as aldeias indígenas e praticando o escambo, provavelmente partindo daí as relações de amizade que fizeram com que grande parte dessas tribos viesse a defendê-los.

“Os povos que aqui viviam transmitiam o que sabiam, apenas através da palavra falada, própria da memória oral. Não deixaram, portanto, documentos escritos de identidade. Não tiveram oportunidade de se apresentar. Poucas vezes disseram como se autodenominavam. Quando o fizeram, nem sempre foram compreendidos”.

Os primeiros colonizadores portugueses, franceses e espanhóis tentaram, em alguns casos, identificar o nome próprio de cada povo, criando, às vezes, uma grande confusão, porque quase sempre desconheciam as línguas faladas pelos índios.

Escrevendo o mesmo nome com grafias diferentes, os navegantes escritores, que visitaram este povo, deixaram anotados para a história registros confusos quanto ao grau de parentesco das diversas línguas que provinham do mesmo tronco. Podemos afirmar, entretanto, que no território do Rio de Janeiro, seus primitivos habitantes falavam vinte idiomas diferentes, pertencentes a quatro famílias lingüísticas.

“A família Tupi, ou Tupi-guarani, compreendia mais de uma centena de línguas, faladas em áreas que pertencem atualmente ao Brasil e a alguns países hispano-americanos. Pelo menos cinco delas eram faladas no Rio de Janeiro, pelos seguintes povos:
- Tupinambá: habitantes das zonas de lagunas e enseadas do litoral, da Guanabara e de Cabo Frio até Angra dos Reis;
- Temiminó ou Maracajá: localizados também na Baía de Guanabara;
- Tupinikin ou Margaya: no litoral norte fluminense e Espírito Santo;
- Ararape ou Arary: no vale do Paraíba do Sul”.

De todas as línguas faladas no extenso território da costa Atlântica, o Tupinambá era o que reunia o maior número lingüístico, sendo o mais assimilado por franceses e portugueses. 46% dos nomes populares de peixes e 35% dos nomes de aves são oriundos só do Tupinambá.

“Da mesma origem são os nomes de muitos lugares e até mesmo de bairros atuais do Rio de Janeiro, que conservaram as denominações das antigas aldeias como Guanabara (baía semelhante a um rio), Niterói (baía sinuosa), Iguaçu (rio grande), Paraíba (rio extenso de difícil navegação), Pavuna (lugar atoladiço), Irajá (cuia de mel), Icaraí (água clara) e tantos outros como Ipanema, Sepetiba, Mangaratiba, Acari, Itaguaí etc.”

Essas palavras indígenas, integradas no nosso vocabulário do dia-a-dia, são uma contribuição valiosa à memória de nosso passado. Memória viva de um povo que teve a sua cultura esmagada sob o jugo do colonizador, por ter preferido a morte no campo de batalha, a viver como escravo e trair sua gente.
ALDEAMENTOS



“No momento da chegada dos primeiros europeus, os índios viviam em aldeias ou tabas espalhadas por todo o território do Rio de Janeiro. A aldeia era a maior unidade política das sociedades indígenas. Cada uma delas tinha autonomia e reconhecia como autoridade maior o seu chefe, tuxaua, morubixaba ou cacique”.

Para algumas áreas, as informações da época são mais precisas. O cosmógrafo francês André Thevet, por exemplo, elaborou um mapa da Ilha do Governador, onde aparecem, só aí, cerca de 36 tabas. Era nesta ilha que ficavam as aldeias Paranapucuhy, Pindó-usú, Koruké, Pirayijú, Coranguá. Outro cronista francês, Jean de Léry, num levantamento parcial, encontrou em torno da Baía de Guanabara um total de 32 aldeias tupis entre 1550 e 1560. Depois, novas listas, também parciais, foram feitas por missionários e cronistas portugueses, acrescentando outras povoações.

O primeiro nome da lista de Léry é a aldeia Kariók ou Karióg, situada no sopé do morro da Glória, na foz do rio Carioca, o rio sagrado dos Tamoios que tinha, além dessa, uma segunda foz, mais caudalosa, na praia do Flamengo, onde se localizava outra aldeia, chamada Urusúmirim ou Abruçumirim.

Próximo à Lagoa Rodrigo de Freitas existia uma aldeia chamada Kariane. Distribuídas pelos morros de Santa Tereza e Santo Antônio, as aldeias de Katiné, Kiriri, Anaraú e Purumuré. Na região ocupada hoje pelos subúrbios ao longo da Central do Brasil existiam dezenas de aldeias, entre as quais Pavuna, Irajá Catiú, Savigahy, Taly.

Eram centenas e centenas de tabas ao longo de todo o território, habitadas por um número incalculável de índios. Segundo os relatos da época, a população de cada aldeia tupinambá variava entre 500 e 3.000 índios.
COMO VIVIAM




Habitantes do litoral, a família Tupi contribuiu categoricamente na formação étnica do povo Fluminense. Nas crônicas de alguns viajantes, vamos encontrar a descrição de sua vida diária, agricultura, navegação, utensílios, a maneira de caçar, pescar, rituais etc.

Essas aldeias, em geral, estavam localizadas em terras férteis, perto da floresta e do rio, para facilitar a agricultura, a caça e a pesca. Cultivavam, em grandes roças comunitárias, mandioca, milho, abóbora, feijão, amendoim, tabaco, pimenta e muitas árvores frutíferas. Plantavam e teciam o algodão, com o qual faziam suas redes de dormir. Fabricavam cestas de cipó, panelas e vasos de barro, machados de pedra, facas de casca de tartaruga, agulhas de espinhas de peixe, e muitos instrumentos musicais de sopro e percussão.

Segundo os depoimentos dos missionários, eram povos alegres, apaixonados pela música e pela dança. Pintavam o corpo e enfeitavam-se com colares feitos de conchas marinhas, penas coloridas de aves e outros produtos.

“Todas essas atividades só podiam ser realizadas porque os povos Tupis dominavam um vasto campo de conhecimentos. Os antigos Tupinambás, por exemplo, tinham noções de astronomia e podiam prever chuvas e as grandes marés, observando as estrelas, a lua e o sol. Na área da ecologia, conheciam as relações entre os seres vivos e o meio ambiente, os hábitos dos animais, os locais que freqüentavam, as trilhas que percorriam e a época de amadurecimento dos frutos que lhes serviam de alimento. Acumularam saberes sobre a propriedade medicinal dos vegetais”

Baixada 500 anosBaixada

O Porto de Iguaçu foi o segundo mais importante porto fluvial da Província Fluminense. Por ele eram exportados os gêneros como café, açúcar, farinha e outros, produzidos pelos Municípios de Iguassu, Vassouras, Valença, Paraíba do Sul e até de Minas Gerais. Esses produtos desciam pela Serra do Tinguá onde estava a Estrada do Comércio e tinha ponto final no porto. Sua decadência começou com a inauguração da Estrada de Ferro Pedro II. O seu período áureo foi dos anos de 1830 a 1860.

Fazenda São Bernardino, inaugurada em 1875. Pertencia a Bernardino José de Souza e Mello. Localizada nos arredores da antiga Vila de Iguassu. Encontra-se em deplorável estado de abandono. Tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional (Como Obra de Arte). Constitui o caso mais gritante de desrespeito ao Patrimônio Histórico da Baixada. Essa fazenda surgiu em uma época em que a Vila de Iguassu já estava em fase de decadência, a escravidão chegava ao fim, o que não justificava a construção de tão majestoso conjunto arquitetônico.


Baixada 500 Anos
Prof. Ney Alberto de Barros
É Professor, membro do IPAHB e Pesquisador da História da Baixada





Vamos contar hoje um pouco sobre a História de Nova Iguaçu, sua origem, quais foram as tribos indígenas que aqui viveram, como foram disseminadas e as atividades econômicas. Agora embarcaremos rumo ao passado, mas precisamente no ano de 1933, quando o município de Iguassú completou cem anos de existência e se podia estufar o peito, orgulhosamente. Seus 1.489 quilômetros quadrados compreendiam extenso território, do qual seriam emancipados vários municípios.

Por ocasião do centenário, o município estava sendo preparado para duas atividades que o tornariam famoso:
1º Nos terrenos, molhados, as olarias produziam tijolos e telhas, desmontando morrinhos, aproveitando barro de excelente plasticidade.
2º Nos terrenos mais elevados, os laranjais ( Citricultura ) eram multiplicados, exportando larga produção, com frutos conhecidos, internacionalmente.

Mas a maior participação daquele imenso território na História Mundial deve ser creditada aos mais antigos habitantes, os verdadeiros donos da terra, aos "índios" tupinambás. Foram chacinados.

Na metade do século XVI, franceses que protestavam contra o que consideravam farsas da Igreja Católica Apostólica Romana, seguindo a orientação de Martinho Lutero, protestantes, comandados por Villegagnon tentavam implantar na Baía do Rio de Janeiro (Baía de Niterói ou da Guanabara, estas denominadas Tupis) um refúgio, para os cristãos perseguidos na Europa. Os protestantes franceses fizeram contatos amistosos com os tupinambás. Estes preferiam a amizade dos franceses à escravidão imposta pelos representantes da Monarquia de Portugal.

Cento e Sessenta Aldeias Incendiadas - Os antigos habitantes - para uma resistência às tropas que os queriam no cativeiro - formaram uma união, que foi chamada de Confederação dos Tamoios. As atuais baixadas de Sepetiba e Fluminense, as ilhas (próximas de ambas) e as margens daquelas ditas Baías, eram um maravilhoso pedaço de Pátria Tupinambá.

Dois Jesuítas, José de Anchieta e Manoel da Nóbrega - cuja principal "tarefa espiritual" era a de dar combate à Reforma Religiosa (proposta por Lutero) - comandaram, intelectualmente, o massacre aos tupinambás.

Anos após, na Capela de São Lourenço, depois que cento e sessenta aldeias foram incendiadas e seus habitantes mortos degolados, Anchieta escreveu um "teatrinho", para servir de lavagem cerebral às criancinhas indígenas de outras tribos, deslocadas para Niterói. No Auto de São Lourenço, Anchieta cita algumas tribos tupinambás destroçadas e, entre elas, estão as que viviam na ilha de Parana-Puã (atual do Governador) e na atual Baixada Fluminense, como a aldeia de Jacutinga. Quantos tupinambás viviam nas 160 aldeias? No dito "teatrinho", o assassino Anchieta se refere à cultura Tupinambá, como coisa do demônio, só porque os heróicos donos da terra lutaram por alguns bens fundamentais, suas terras (coletivismo agrário), sua cultura, a liberdade.

Segunda Monstruosa Chacina - Os tupinambás queimados tiveram, posteriormente, uma segunda chacina, a do esquecimento, proposital (por parte dos bajuladores do Colonialismo), relativamente ao heroísmo e àcultura dos valentes defensores dos seus bens. A Cultura Tupinambá, a exemplo do que ocorreria com a maravilhosa cultura Africana (ver Confederação dos Palmares), foi varrida dos mapas históricos. Precisamos resgatá-las, para melhor entendimento do passado, do presente e do futuro. Para honrá-los, desmistificando os escravistas.

Território de Passagem - As terras que constituíram o extenso Município de Iguassú sempre foram, depois dos Tupinambás, uma região para servir de trânsito. Todas as obras, anteriores à explosão demográfica, tiveram a intenção de usar o território para que por esta passagem passassem a produção de ouro e prata, café, produtos importados, água (canalizada), energia elétrica, etc. Mas, na verdade, tais "linhas" serviam para que o território, já que o interior do país sempre esteve ao abandono, sem Reforma Agrária, por exemplo, abrigasse irmãos brasileiros e estrangeiros, pobres.

Nova Iguaçu e os municípios que agora irão caminhar com seus próprios pés, conseguiram ser uma síntese do Brasil, porque traços culturais diferentes marcaram aqui, um encontro com o futuro. Para a elaboração de uma nova e mais verdadeira e mais forte cultura.

Os prefeitos e vereadores desta região já estão demonstrando, além dos compromissos inerentes às missões voltadas para necessidades básicas, a necessidade do resgate do nosso Patrimônio Cultural. E não devem abandonar o interesse pela cultura dos tupinambás e africanas. Árvores fortes têm raízes maravilhosas.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sinagoga de Nilópolis

Em Nilópolis houve grande população da comunidade judaica no início do Século XX. Com o tempo e sua prosperidade tais famílias e suas decendências se foram para regiões da Zona Sul do Rio ou mesmo para Israel após 1948. Porém deixaram expressivas marcas como sua antiga sinagoga.

Judeus na Baixada

Site sobre projeto de resgate histórico e documental sobre a presença dos judeus na Baixada Fluminense.



http://www.judeusemnilopolis.com.br/home/home.htm

terça-feira, 2 de março de 2010

Pavuna 1918

Pavuna em 1918  por fotografias de autoria de Augusto Malta. Acervo Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.